8. A Bíblia como itinerário de compreensão de Deus

08/07/2017

O processo da Revelação, ainda que pretenda ser um ato livre do próprio Deus que se autocomunica ao ser humano, é, ao mesmo tempo, e não pode não ser, um processo completamente humano porque dirigido a nós, seres humanos.

Por isso, no texto bíblico, se reconhecem diferentes etapas da compreensão de Deus que o povo judeu amadureceu ao longo do tempo, passando basicamente através de três grandes estádios religiosos, cuja passagem de um para outro é fruto de longa gestação, reflexão e silenciosa ruptura do velho para o novo.

Na fase inicial fase, primitiva e politeísta, o povo de Israel se considerava ao par de todos os outros povos, cada qual debaixo da soberania do próprio Deus.

Sucessivamente foi amadurecida uma compreensão "enoteista", em que o povo percebe Deus como o maior e mais forte entre todos os deuses (fase, esta, emblematicamente descrita na cena do profeta Elias que desafia a multidão dos sacerdotes de Baal no monte Carmelo).

Enfim, última fase da compreensão de Deus que fixa o estágio final da autoconsciência religiosa tanto judaico quanto cristã, é o monoteísmo: um único Deus Criador de todas as coisas, um único mistério, que transcende toda e qualquer experiência humana e religiosa, que faz de Israel o povo eleito, com o qual Deus estabelece uma Aliança eterna para que seja estendida à humanidade inteira.

A universalização em Cristo lucidamente descrita nos hinos cristológicos do Novo Testamento são, portanto, o fruto maduro de um bimilenar itinerário espiritual que a Igreja recebe como herança irrenunciável do Antigo Testamento, vivido, enfim, na espera confiante da sua recapitulação final Naquele que é "alfa" e "ómega", principio e fim de todas as coisas.

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