6. Porque o Sínodo incomoda tanto?

26/09/2019

Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral

As finalidades do Sínodo estão indicadas no tema central que será tratado: "Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral". Com "Novos Caminhos" se entende uma Igreja de "rosto amazônico" capaz também de ser portadora de uma consciência ecológica integral.

Limitando-nos apenas às questões estritamente ligadas à vida da Igreja, estas finalidades são em si mesmas um propósito totalmente contrário aos propósitos dos "conservadores", simplesmente porque, para eles, o único rosto possível para a Igreja é o "rosto ocidental", rosto ao qual todos os outros povos do mundo deveriam adotar. De fato, para o "conservador" não há distinção entre fé cristã e cultura ocidental, as duas são uma única realidade inseparável.

O "conservador" ainda entende a evangelização como um processo basicamente colonial de transplante da identidade ocidental em todo e qualquer outro povo, a partir do pressuposto que as identidades alheias são inferiores e totalmente corrompidas pelas forças do Mal. O "conservador" ainda tem a pretensão que a vida cristã tenha que dar-se e ser compreendida dentro daquele esquema sociorreligioso que se desenvolveu na Europa Ocidental, em particular depois da reorganização operada pelo Concílio de Trento, cerca de 500 anos atrás.

Paradoxalmente, o "conservador" que é o mais apegado ao termo "católico" é aquele que guarda uma dificuldade invencível para ser realmente "católico" (isto é universal), por causa da absoluta pretensão de exigir que a Igreja Católica seja clonada segundo o molde latino em todo e qualquer canto do mundo, na firme certeza que seja impossível viver a fé a partir de uma cultura que não seja estritamente a cultura latina. De fato, para o "conservador" o índio pode ser católico apenas na medida em que se torna ocidental: não apenas renunciando à sua identidade indígena, mas rejeitando-a como algo de demoníaco. Isto é o que foi geralmente realizado pelos "católicos" europeus desde quando chegaram nas Américas (e em qualquer outro canto do mundo).

Este modo de entender a fé a partir da cultura, que foi maciçamente desenvolvidos pelos cristãos europeus, não apenas católicos, possibilitou o monstruoso fenômeno da escravatura dos negros africanos e tornou-se uma das principais razões da profundíssima crise do cristianismo na própria Europa, cristianismo que, obviamente, esvaziou-se do ponto de vista espiritual, tornando-se incapaz de dar razão de si mesmo em particular desde a Época Moderna marcada pelo questionamento que o próprio ser humano faz de si mesmo.

Infelizmente, somente poucas décadas atrás a evangelização colonizadora iniciou a ser desmascarada pela própria Igreja, em particular no documento do Papa Bento XV Maximum Illud, cuja celebração dos 100 anos de sua publicação marca o Mês Missionário Extraordinário convocado pelo Papa Francisco para o mês de outubro deste ano de 2019. Estamos ainda no começo da grande tarefa da evangelização: tudo aquilo que no passado foi feito de errado continuará a ser uma herança pesada que nunca podemos ignorar.

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